sábado, 23 de maio de 2015

Capítulo 74




- Oi... - Cumprimentei Leo, sem jeito, assim que ele tocou a campainha e ele me abraçou.
Percebi que chorava quando senti meu ombro molhado e me deu uma dó dele imensa.
- Fica calmo...Não era pra ser. - O levei até o sofá e nos sentamos.
- Eu queria tanto esse filho...
- Eu sei! - Encarei o chão. - Eu sinto muito!
- Sei que você não queria ele tanto quanto eu, mas...
- Para de dizer isso. Eu só não estava preparada, mas era meu filho, poxa. Mãe é mãe e eu queria sim que ele ainda estivesse na minha barriga, que ele nascesse.
- Desculpa. - Ele falou baixo.
- Tudo bem! Deus sabe o que faz, Leo. Ás vezes...Eu que não era pra ser mesmo a mãe do seu filho. Filho esse que você tanto espera. - Ele me olhou confuso.
- Por quê tá dizendo isso?
- Ah...Leo, eu preciso te dizer uma coisa.
- Diz, eu tô ouvindo.
- Eu não quero mais levar nosso relacionamento adiante. Eu não te amo e você merece uma pessoa melhor.
- Como é que é?
- Me desculpa, mas não deixa tudo mais complicado. Eu sempre te disse que tinha outra pessoa no meu coração, eu nunca fui pra você e essa gravidez foi um erro que eu nunca imaginava que iria acontecer, deve ser por isso que Deus não deixou essa criança vir ao mundo. Eu não iria ficar com você pra sempre só por causa dela, eu também mereço ser feliz e ela iria sofrer. Eu não me imagino com meus pais separados e não quero isso pra um filho meu também.
- Você terminando comigo assim? Depois de tudo? Só tava esperando perder essa criança. É isso?
- Não é nada disso...Como eu já te disse, mesmo com um filho seu eu não sei se ainda ficaríamos juntos. Eu amo outra pessoa.
- Eu não acredito, Nathália! Não acredito que vai ser trouxa de novo. Ele vai te usar de novo.
- Ele nunca me usou, ele foi um idiota, porém, não vai ser mais.
- Então vocês estão juntos?
- Estamos... - Sussurrei e encarei minhas mãos.
- Depois de tudo que eu fiz por você...
- Eu não esqueci, pelo contrário, te agradeço de todo o meu coração, mas eu não te amo, Leo! Me entende, vai! Eu amo o Luan. Não mando no meu coração!
- Se é isso que você quer...
- Eu nunca te faria feliz.
- É...Pode ser. Só não deixa ele te fazer mal de novo.
- Ele nunca me fez mal. 
- Tudo bem, eu não quero brigar com você! Só te desejo sorte.
- E eu te desejo felicidades e que realize o sonho de ser pai. - Ele assentiu.
- Até qualquer hora! - Ele se levantou e eu o acompanhei até a porta.
- Até! Obrigada por me entender. Foi importante pra mim! - Leo apenas sorriu de lado, antes de se despedir e sair da minha casa cabisbaixo. 
Fiquei a manhã toda vendo tv, almocei e depois do almoço como o combinado, Luan foi até a minha casa.
- Já tava morrendo de saudade!- Ele disse e eu ri.
- Eu também...Mas agora ela só vai aumentar, não é mesmo? - Ele assentiu.
- Só duas semanas. Vai passar rapidinho, vou te ligar todos os dias e quando você menos esperar eu vou estar de volta. - Sorri com seu jeito e ele me puxou para um beijo. - Como foi com o Leonardo?
- Até que ele reagiu melhor do que eu esperava. - Suspirei.
- Ele não te culpou por nada, não é?
- Não! Ele entendeu. 
- Falou que a gente tá junto?
- Falei sim. Ele reagiu bem, agora é página virada, amor.
- Graças a Deus! - Ele riu. - Agora eu tenho que ir! - Fez careta.
Nos despedimos com alguns beijos e só nos desgrudamos quando Rober abriu a porta chamando Luan.
Cochilei no sofá e acordei com a campainha da minha casa tocando. Levantei ainda desnorteada pelo sono, mas fechei a cara quando vi Lorena.
- O que você quer?
- A gente precisa conversar! - Ela entrou antes mesmo de eu mandar e se sentou no sofá, revirei os olhos.
- Fala logo!
- Me desculpa, amiga! Por favor! Eu sei que eu fui uma traíra, eu sempre soube o quanto você ama o Luan e fiquei com ele. Me perdoa! Eu não posso ficar sem sua amizade. Você é minha irmãzinha. Eu quero ser madrinha do seu casamento, dos seus filhos, lembra? - Suspirei e me sentei ao seu lado.
- Não sei se posso confiar em você ainda!
- Juro que nunca mais vou te decepcionar.
- Me responde uma coisa. Você gostava ou gosta do Luan?
- De jeito nenhum, amiga! Eu juro por Deus! Tira isso da sua cabeça! Foi um momento fraco, por causa da bebida.
- Tudo bem... - Sussurrei.
- Eu tô namorando até. Ele é da Itália, eu o conheci no japão também, justo nesse dia. Ele me pegou chorando e começamos a conversar, já que era uma das poucas pessoas que falava português.
- Por quê não me disse? 
- Eu ia te contar pessoalmente. Ele tá vindo pra cá amanhã. Vai passar alguns dias aqui comigo.
- Ele também é modelo? - Ela assentiu.
- Me perdoa. Por favor! 
- Tudo bem, vai. Eu já desculpei o Luan. Eu não quero mais me separar dele e nem brigar com minha melhor amiga! - Sorri e ela me acompanhou, me abraçando em seguida.
- Eu te amo!
- Eu também te amo, Lorena!

Capítulo 73




- O que...aconteceu?
- O que aconteceu, Luan? Aconteceu que eu quero saber se isso que Lorena me falou é verdade!
- O que ela te disse?
- A verdade, Luan! - Ela o olhou e ele encarou o chão, se aproximando de nós.
- É verdade, Nathália, mas eu juro que eu tô arrependido. Eu não te tirei da cabeça um só minuto depois que nos separamos. Eu juro! Foi um momento de fraqueza e eu tinha bebido.
- Bebida não justifica nada!
- Me perdoa, amor!
- Nathália...
- Lorena, vai embora! Depois conversamos!
- Mas...
- Vai embora! Eu quero falar sozinha com o Luan. - Ela assentiu e saiu, ainda chorando.
- Eu juro que eu não fiz isso de propósito. Não vamos brigar por isso, amor. Já passou! Logo agora que voltamos. Eu não quero brigar com você nunca mais.
- Vocês deviam ter me contado.
- Eu pensei que já soubesse...
- Não! Eu não sabia!
- Me perdoa! Eu fiquei com medo de te dizer e você me expulsar de vez da sua vida. Lorena deve ter ficado com medo de perder sua amizade também.
- Vocês...É...Vocês foram adiante?
- Claro que não! Depois que eu beijei ela...Eu admito! Eu que beijei ela. Eu caí na real e pedi mil desculpas. Eu voltei pro hotel com dor na consciência e dormi chorando.
- Você tá falando a verdade? 
- Eu juro, minha vida! Eu odeio mentiras, odeio mentir. Você sabe...Eu omiti isso de você por medo, mas eu tô falando a verdade de tudo que aconteceu.
- Eu acredito em você! 
- Obrigado, amor! - Ele me abraçou. - Desculpas de novo!
- Tudo bem! Mas nunca mais esconde de mim uma coisa dessas. 
- Eu prometo! - Ele selou nossos lábios. - O que é isso? - Ele olhou a bandeja de café da manhã, em cima da mesa de centro. Eu tinha levado pra lá, quando fui atender meu celular.
- Nosso café da manhã! - Sorri.
- Hum, parece tá ótimo! Bora comer?
- Vamos! Lá em cima! - Ele assentiu e pegou a bandeja. 
Nos sentamos na cama e começamos a comer.
- E quanto a Lorena? - Luan perguntou sem graça.
- Eu vou conversar com ela direitinho...Mas ela vacilou. Sempre soube que eu nunca deixei de te amar.
- Vamos esquecer isso?
- Vamos! Mas eu vou sim conversar sério com ela. - Ele assentiu. - Leonardo me ligou.
- O que ele disse? - Percebi Luan ficar tenso.
- Ficou sabendo que eu perdi o bebê e amanhã vamos conversar pessoalmente.
- Vão?
- Fica tranquilo! Eu vou falar com ele que estamos juntos e tudo vai se resolver!
- Eu espero! - Beijei seu rosto e voltei a comer.
De tarde, me deu uma vontade tão grande de tomar um belo sorvete e Luan me levou até uma sorveteria do condomínio, que ficava perto de uma praça linda. 
Tomamos nossos sorvetes feito crianças e depois de me levar pra casa, ele foi dormir na sua.
- Eu venho me despedir antes de ir viajar amanhã!- Ele me beijou.
- Tá bom...Você viajar de tarde, não é? - Ele assentiu.
- Depois do almoço eu passo aqui! - Nos despedimos e ele se foi.
Acordei no outro dia com uma mensagem de Leonardo, dizendo que estava a caminho da minha casa.
Tomei um banho, troquei de roupa e tomei meu café da manhã, antes dele chegar.

Capítulo 72




No outro dia, acordei primeiro que Luan e estava tão disposta, que resolvi eu mesma preparar seu café da manhã.
- Filha, por quê não me chamou? Eu levaria seu café.
- Não precisa, mãe. A senhora já está de saída, eu não quero atrapalhar e já estou ótima. Vou levar nosso café pro quarto.
- Sobe devagar!
- Pode deixar! - Ri dela, que me deu um beijo no rosto e foi trabalhar.
Pelo visto e pelo silêncio da casa, todos já tinham saído e só a empregada, que fazia o almoço enquanto eu preparava o café da manhã. 
Meu celular tocou e eu suspirei, assim que vi o número de Leonardo. Eu tinha esquecido dele.
- Oi...
- Como assim você perde nosso filho e não me avisa, Nathália? Diz que isso é mentira!
- Leo, eu...
- Diz que é mentira! - Ele chorava e eu não sabia o que falar.
- Infelizmente eu não posso dizer isso! - Ele ficou alguns minutos em silêncio, mas voltou gritando.
- Eu não acredito nisso!
- Eu sinto muito!
- Senti mesmo? A culpa foi sua, Nathália! Você não queria o nosso bebê e ele sentiu isso, por isso saiu antes do tempo e não sobreviveu.
- Para de falar besteira! - Eu me alterei. - A última coisa que eu iria querer era perder meu bebê. Eu queria que ele estivesse na minha barriga ainda.
- Olha...Tá, eu falei besteira mesmo. Eu vou voltar amanhã e nós conversamos.
- Pensei que já estivesse aqui.
- Consegui esticar minhas férias, ficaria aqui até o fim da semana, mas eu soube da notícia. - Ele suspirou.
- Quem te disse?
- Uma amiga enfermeira. Ela disse que você deu entrada no hospital e por ser minha amiga, procurou saber.
- Ah...
- Você era pra ter me ligado.
- Eu não pensei em nada na hora...Não tinha cabeça e iria te falar isso por telefone? Estava te esperando chegar.
- Tá, desculpa, meu amor. - Fechei meus olhos.
- A gente precisa ter uma conversa séria.
- O que mais aconteceu?
- Pessoalmente.
- Tudo bem! Eu vou pra sua casa amanhã de manhã. - Me despedi dele e me sentei no sofá derrotada. Mais essa que eu teria que enfrentar.
A campainha da minha casa tocou e eu me levantei para atender.
- Amiga! Graças a Deus que você tá bem! - Lorena me abraçou e eu me assustei, mas logo ri.
 - O que você tá fazendo aqui, doida?
- Eu vim correndo, assim que seu irmão me ligou. 
- Ele não podia ter te preocupado com isso...
- Como não? Você é minha irmã e eu te amo! - Ri.
- Mas e seu trabalho?
- Só tinha mais uma sessão de fotos, que eu cancelei. - Ela deu de ombros. - Eu viria na semana que vem. Te faria uma surpresa!
- Pensei mesmo que me deixaria mais tempo abandonada aqui.
- Besta! Aposto que nem sentiu minha falta!
- Claro que senti! 
- Eu tenho que te contar uma coisa... - Falamos juntas e rimos.
- Conta você primeiro! - Eu disse e ela assentiu. 
- Primeiro, eu sinto muito pelo seu bebezinho.
- Eu também sinto, amiga. Demais! 
- Fiquei tão feliz quando soube que estava grávida! 
- Eu me lembro da sua euforia. - Tinha lhe contado via web cam e ela tinha feito a maior festa.
- Eu queria ter um afilhadinho!
- Um dia eu ainda te dou!
- Então tá... - Rimos. - Eu preciso te falar uma coisa, mas tô morrendo de medo.
- O quê foi? - Fiquei séria e ela encarou o chão.
- Não sei nem se vai querer ser minha amiga depois que eu te contar isso.
- Fala logo, Lorena! - Já estava ficando agoniada.
- Eu e o Luan ficamos! - Ela falou baixo e rápido, mas mesmo assim eu escutei.
- É o quê? que brincadeira é essa?
- Não é brincadeira, amiga. Bem que eu queria... Nós bebemos muito e aconteceu tão rápido. Mas eu juro que não passou de um mero beijo, foi rápido, mas eu tinha que te contar.
- Para de mentir, Lorena, você nem aqui estava...Eu...Como? - Me levantei e ela também ficou de pé.
- Foi lá no Japão! Ele foi fazer três shows por lá e nós nos encontramos em uma boate. Ficamos conversando sobre você até, só que estávamos bebendo bastante e...Aconteceu!
- Aconteceu? Aconteceu, Lorena? Você só pode tá brincando.
- Eu não te trai, vocês não estavam juntos, mas eu tava com a consciência pesada e tive que te contar. Aliás, ele mesmo pediu pra eu fazer isso mas eu não tinha coragem por telefone, ou pelo computador. Eu quis também vir mais cedo por isso. Eu me sinto culpada desde aquele dia.
- Você me fez de trouxa!
- Não fiz, Nathália! Me perdoa, amiga! 
- Eu não acredito nisso...
- Amor, cadê... - Luan descia as escadas e parou de falar assim que nos viu.
Lorena chorava e eu não tinha nenhuma expressão.


Capítulo 71




Fomos interrompidos por alguém batendo na porta e logo em seguida, lhe abrindo. Não deu tempo nem de nos separarmos, só paramos de nos beijar e eu tirei minhas mãos de seu pescoço.
- Oi é...Só vim avisar que eu vou ir no mercado com a sua mãe e o Lorenzo vai se encontrar com a namorada. - Meu pai disse, sem graça e Luan nem o encarava. Eu também estava com vergonha. 
- Ah tá!
- O Luan vai ficar aí com você? 
- Acho que...Sim, não é? - Eu o olhei e ele assentiu.
- Melhor assim, então! - Meu pai sorriu de lado e já ia saindo, quando eu lhe chamei.
- Pai...Quero dizer uma coisa pro senhor.
- O que é?
- Nós decidimos isso agora e queria que fosse o primeiro a saber. - Eu tomei coragem. Ele estava sendo tão gentil com Luan, que decidi arriscar.
- Pode falar!
- Eu e o Luan...Voltamos! - Falei devagar e ele não demonstrou nenhuma expressão.
- Tudo bem! - Ele riu. - Tchau pra vocês! Qualquer coisa é só me ligar. - Meu pai saiu dali normal e eu e Luan nos olhamos completamente confusos.
- Você acha que ele vai querer me matar? - Ele coçou a nuca e eu ri.
- Você não viu? Ele nem ligou! Ele conversou com você hoje, sorriu pra você...
- Será que...
- Eu acho que meu pai tá começando a enxergar que eu te amo, que a gente se ama e não vamos ser felizes nunca separados! - Ele riu e me puxou para um abraço.
- Eu acho que tô sonhando...
- Viu como tudo se ajeita? Tudo tem seu tempo...Você disse uma hora que se arrepende de muita coisa, mas eu não! Se fosse pra acontecer tudo de novo eu iria querer. Essa é a nossa história e não existe história só com momentos bons. Essa é a vida e não tem ninguém nesse mundo que não tenha uma enrolada, com momentos felizes, tristes, com coisas malucas. - Ri.
- É...Você tem razão. Como sempre!
- Eu não tenho razão sempre, seu bobo! - Ri e lhe puxei para mais um beijo, dessa vez, me deitei na cama, o levando junto comigo. Ele parou de me beijar assustado. - O que foi?
- Eu vou te machucar ficando em cima de você.
- (risos) Não vai! Eu quero ficar agarrada em você o dia inteiro. Deixa? - Fiz uma cara triste e ele riu, alisando meu rosto.
- Claro que eu deixo! Mas assim é melhor! - Luan se deitou do meu lado e puxou minha cabeça pro seu peito.
- Pensei que nunca mais sentiria seu cheiro! - Pensei alto e ele riu.
- Eu também não! - Ele beijou meus cabelos e começou um cafuné ali.
Fechei os olhos e continuei a sentir seus carinhos, até pegar no sono.
Acordei com alguém abrindo a porta do meu quarto e só abri meus olhos, sem me mexer. Luan dormia, do mesmo jeito que peguei no sono, ainda com a mão na minha cabeça.
- Filha? - Minha mãe sussurrou e eu ri sem som. - Quando seu pai me disse achei que era mentira.
- Não é, mãe! - Falei no mesmo tom que ela.
- Agora é pra valer?
- Se Deus quiser!
- Não sabe como eu tô feliz e pelo jeito, seu pai também.
- Eu não sei o que deu nele...
- Que continue assim pra sempre. - Ela riu e eu lhe acompanhei, assentindo. - Agora volta a dormir também, que depois eu trago o almoço de vocês. Lorenzo e Bruna estão almoçando aqui. Seu pai já contou pra todo mundo.
- Imaginei! - Minha mãe acenou e saiu do meu quarto.
- Amor! - Me assustei com Luan me chamando baixo.
Virei minha cabeça para lhe olhar e ele estava de olhos fechados.
- Oi! - Me aconcheguei mais nele e acariciei sua barba.
- Eu te amo!
- Eu te amo mais! - Sorri e voltei a pegar no sono.
Acordamos já no meio da tarde. Minha mãe levou nosso almoço no meu quarto e nós comemos, assistindo TV.
- Os lindinhos tem até comidinha no quarto, não é? - Meu irmão entrou rindo, com Bruna, enquanto minha mãe pegava os nossos prato e nos dava a sobremesa.
- Eu não posso descer toda hora as escadas. - Mostrei minha língua pra ele que riu.
- Deixa eles, filho...
- Tá vendo! Agora minha mãe ama o Luan mais que eu!
- Ah, seu bebezão! - Ri e todos me acompanharam.
- Eu nem acredito que voltaram, aliás, acredito sim! Eu sempre soube! - Rimos de Bruna que nos abraçou forte.
Passamos o resto do dia conversando. Luan e Bruna ainda jantaram conosco e quando estavam prestes a irem embora meu pai nos surpreendeu.
 - Por quê não fica, Luan? Acho que Nathália ficaria feliz! - Ele sorriu pra mim e eu retribuí.
- Se não for incômodo...
- Claro que não!
- Já que é assim. Bruna também fica! - Meu irmão se meteu.
- Pode ficar também, ué.
- Eu vou arrumar o quarto de hospedes pra eles... - Minha mãe disse.
- Pode deixar eles dormirem juntos, Luana.
- É sério, pai?
- É! Só não se acostumem. Só hoje porque você já sofreu demais nesses últimos tempos. - Meu pai me puxou para um braço e eu sorri, enquanto beijava minha bochecha.
Eu e Luan nos deitamos coladinhos, abraçadinhos. Parecia até um sonho.
- Eu tava com tanta saudade de você, quer dizer, ainda tô! - Luan disse e eu sorri.
- Eu também tô, mas logo a gente mata ela. Assim que eu sair desse resguardo! - Ele assentiu e puxou minha cabeça para se apoiar no seu ombro.
Dormi tão leve, como a tempos não dormia. Tive sonhos lindos. Nossa! Foi minha melhor noite de sono e ás vezes acordava durante a madrugada e via se realmente aquilo tudo não era um sonho, mas ele estava lá, com seu braços me envolvendo. Não, não era.

Capítulo 70





Como o combinado Luan voltou a me visitar no outro dia e foi embora a tarde, dizendo que no outro dia, iria para minha casa me ver, já que minha alta só seria de manhã.
Fiquei feliz, assim que o médico me deu alta, porém, ao mesmo tempo triste ao pensar que só sairia de um hospital com meu filho nos braços. 
- E o Leo, Nathália? - Meu irmão me tirou dos pensamento, assim que entramos no carro.
- Nossa! Eu esqueci dele. Ele ia chegar...
- Amanhã.
- Então eu vou deixar pra contar pessoalmente mesmo. - Suspirei.
- Ele vai ficar arrazado! - Não respondi e fui calada até em casa.
Minha mãe me ajudou a descer do carro e assim que saímos da garagem, para entrarmos em casa, tomei um susto com o jardim da minha casa.
- Que lindo, mãe! A senhora que arrumou tudo assim? - Ela negou e eu fiquei sem entender.
O jardim estava coberto com rosas vermelhas, mal dava pra ver a grama. Olhei bem e reparei que eram as mesmas que Luan sempre me mandava.
Voltei a olhar pra minha mãe que pareceu entender.
- Chegou um caminhão pra descarregar, antes de irmos te buscar no hospital. - Sorri.
- Foi o Luan! - Meu pai disse e me surpreendeu com um sorriso. 
- Eu sei! - Admirei mais um pouco aquela coisa linda e entramos pra casa.
Fui direto comer, já que estava morta de fome e como esperado, minha mãe tinha mandado preparar um banquete só pra mim.
- Que saudade de comer bem! - Ri e todos me acompanharam.
- Você tava comendo bem, Nathália. - Meu irmão disse.
- Comida de hospital não chega nem um terço de comer bem. - Ficamos conversando ali por longos minutos, até a campainha tocar.  
Minha mãe que foi atender e voltou com um Luan tímido, que passava as mãos pelos cabelos sem graça, talvez pelo meu pai estar ali, o que me fez ri.
- Oi, Luan! Obrigada pelas flores... - Ri e ele soltou um sorriso, ainda sim tímido.
- De nada. Você gostou?
- Demais! 
- Combinaram bem com nosso jardim, não é, filha? - Meu pai foi simpático, nos surpreendendo.
Talvez por ver que Luan estava sem jeito com a sua presença.
- Combinaram sim, pai! - Ri. 
- Se junte a nós, Luan! Vamos comer. - Minha mãe o chamou e puxou a cadeira para que sentasse ao meu lado.
Luan aos poucos foi se soltando e depois de algumas horas, já conversava bem a vontade com todos até com...meu pai? É. Ele estava conversando amigavelmente com Luan, me intrigando.
Depois de comermos, ele me pediu baixo para conversarmos a sós e eu assenti.
Falei com todos que subiria e chamei Luan para ir junto comigo para o meu quarto e ele lançou com olhar sem jeito para o meu pai que nem ligou.
- Pronto! O que queria falar comigo? - Sorri e me sentei na cama.
Luan se sentou ao meu lado e começou a brincar com seus dedos, enquanto encarava os mesmos.
- Bom, eu quero te fazer uma pergunta, Nathi e...Eu prometi pra mim mesmo que vai ser a última vez e dependendo da sua resposta, eu nunca mais venho atrás de você. - Ele me olhou nos olhos e meu coração apertou.
- O que é? - Sussurrei.
- Eu sei que nem é o momento pra isso...Que você acabou de perder um bebê e pode não acreditar, mas eu tô triste com isso.
- Eu acredito! -Sorri de lado e ele me acompanhou.
- Mas eu não consigo esperar. - Ele suspirou. - Volta pra mim? Eu quero que saiba que esse tempo sem você me fez aprender e me fez ver o quão moleque eu fui com você. Acho que eu não tava pronto pra um novo relacionamento sério e não me importei com você, com seus sentimos. Eu admito! Eu não liguei nem um pouco pro quê você sentia! - Seus olhos se encheram de lágrimas e ele pegou na minha mão. - Mas eu aprendi a lição. Eu juro! Eu nunca menti quando te dizia que te amava, só que agora, eu amo mil vezes mais. Eu fiz você sofrer, mesmo depois de sofrer também com um relacionamento e saber o quanto isso é horrível. Se eu pudesse voltar no tempo, Nathália, nada disso teria acontecido. Eu não iria namorar com você, eu ia me dar mais um tempo e só depois sim ficaríamos juntos de uma forma direita. Eu sei que embolei sua vida, que fui culpado por tantas coisas ruins que já aconteceram com você e se eu não te amasse tanto, não correria atrás de você de novo, te pedindo uma nova chance. Porque eu realmente quero que seja feliz. Se eu não achasse que fosse capaz de te fazer feliz e que meu amor não fosse o suficiente, eu não estaria aqui. Pode ter certeza! Mas eu acho. Acho que a gente tem que tentar de novo. Eu não consigo mais enxergar nenhuma mulher como namorada, comigo em público, a não ser você. Eu me arrisco a dizer que você é a mulher da minha vida! - Ingeri todas aquelas palavras chorando, junto com ele.
Eu nunca tinha ouvido algo tão bonito de nenhum outro homem a não ser meu pai e meu irmão. 
Eu nunca deixei de o amar e quer saber? Também nunca fiz questão de deixar.  - No quê você tá pensando? Não me assusta assim. - Ele riu fraco e mexeu nos meus dedos.
- Quer saber, Luan? Eu também te amo tanto e também não quero outro na minha vida.
Eu sei que você errou, mas quem não erra? E eu te perdoo...
- Tá falando sério? - Ele gaguejou um pouco e eu ri.
- Bem mais que sério! Eu te quero de volta!
- Eu acho que não ouvi direito...
- (risos)Ah, ouviu sim! - Passei meus braços por seu pescoço e me aproximei mais dele. - Eu não consigo mais viver sem você. Que praga você me rogou, em? Seu bruxo! - Me fingi de séria  e ele riu.
- Eu não sei qual foi, mas fico feliz que tenha funcionado! - Gargalhei. - Eu te amo e nunca mais quero te perder! Minha loira, mais linda! - Sorri, antes de sentir seus lábios nos meus.
Como é boa a sensação de beijar e abraçar a pessoa que a gente ama.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Capítulo 69



( ... )

Depois de nove dias eu já tinha recebido quarenta e cinco rosas vermelhas do Luan, com a mesma frase em todas. Eu já não sabia mais o que fazer, já que me apaixonava ainda mais com seu gesto.
No terceiro dia ele me mandou três flores, no quarto, quatro e assim por diante. Eu estava achando aquilo lindo mas tinha medo de onde iria parar, tinha medo de magoar ele, o Leo e o mais importante, me magoar.
Mas aquele dia foi o dia que mais marcou a minha vida. Algo que eu nunca esperava aconteceu.
Eu acordei bem cedo e todos até estranharam, mas eu tinha perdido o sono do nada e não queria mais ficar na cama. Tomei um café reforçado com a minha família e depois fui para o meu quarto, assim que cada um saiu para o seu lado.
Estava com uma sensação estranha, não sabia explicar e nem comentei nada com ninguém.
Fui até a sacada do meu quarto e me sentei ali. Desde menina era meu lugar favorito, mas já tinha algum tempo que me faltavam tempo pra ficar sentada ali, olhando as milhares de casas lindas e grandes do condomínio.
Comecei a sentir uma dorzinha no pé da barriga, mas não dei importância, por isso nem me mexi.
Mas depois de algumas horas só foi piorando e eu não conseguia nem andar mais. Minha vista embaçou, eu fiquei tonta e a última coisa que me lembro de ver, era o sangue que escorria por minhas pernas.

                     ...

Estava a caminho da minha casa quando passamos em frente a uma pequena floricultura e eu me lembrei que naquele dia, teria que entregar exatas 10 flores para Nathália. Eu contava cada dia, cada segundo, eu não conseguia tirar ela da minha cabeça e a idéia de lhe dar flores todos os dias, correspondente ao número de dias que eu já tinha lhe dado as anteriores, foi a melhor que eu já tive. Foi logo depois de lhe mandar a primeira. Eu ainda tinha sim esperanças de voltarmos, de sermos felizes. Eu pensava que um dia amava Laisa, mas não, eu amava de verdade mesmo era Nathália. 
Assim que cheguei na minha casa, mal almocei e sem trocar de roupa mesmo, fui correndo até a sua casa. Mas assim que estacionei meu carro em frente a sua casa, olhei para a sacada de seu quarto, que eu sempre olhava assim que parava ali e tive uma surpresa. Era ela,deitada no chão. Esfreguei meus olhos e vi que ela estava desacordada e deitada de mal jeito, não poderia estar dormindo.
Por sorte o portão da casa estava aberto e eu não pensei duas vezes, antes de entrar correndo.
- Ai meu Deus, Nathália! - Fiquei apavorado quando vi uma poça de sangue em volta dela.
Lhe peguei no colo e desci as escadas correndo. Tive que voltar na casa, assim que lhe deixei no carro e encontrei a chave da porta em cima da mesa. Tranquei a porta e fui correndo pro hospital.
Eu tremia mais que tudo e me dava nervoso ver ela naquele estado, parecendo...Morta.
Assim que cheguei no hospital com ela no meu colo, seu irmão foi o primeiro que viu e veio correndo até mim.
- O que aconteceu, Luan?
- Eu não sei, cara. Eu tava passando e...Vi ela caída na sacada do quarto. Eu não sei o que houve. - Ele pediu a uma enfermeira que passava para pegar uma maca e em questão de segundos ela já estava ali, me pedindo para colocar Nathália em cima. - Me dá notícias, cara. - Segurei seu braço, antes de sair.
- Pode deixar! - Me sentei em uma das cadeiras, bem afastado das pessoas e chorei.
Minha roupa tinha um pouco de sangue e aquilo me desesperava, por ser dela. 
Depois de mais de uma hora de espera, finalmente eu vi dona Luana e Lorenzo me procurando.
- Como ela tá? 
- Fica calmo. Ela tá bem e não corre riscos! - Voltei a me sentar aliviado.
- Ôh, Luan. Obrigada, viu? Eu nem sei o que aconteceria se não fosse você. Ela iria ficar até agora lá e podia acontecer alguma coisa de grave.  - Sua mãe tocou meu ombro.
- Não precisa nem agradecer.
- Vai pra casa, toma um banho e quando voltar já vai poder vê-la.
- Tudo bem...E o bebê? 
- Infelizmente ela perdeu.
- Nossa! Tá falando sério? Que pena!
- É uma pena sim, mas acho que foi melhor assim. Deus sabe o que faz.
- Foi, por quê?
- Ela...Ela não andava querendo ser mãe, Luan. Foi uma coisa que pegou ela completamente de surpresa.
- Eu não sabia disso.
- Pois é, mas graças a Deus ela está bem. Está sendo examinada por seu médico agora. Não consigo separar meu lado mãe do médica. - Ela riu e eu lhe acompanhei. 
Me deu um beijo no rosto e eu me despedi deles, antes de me levantar.
Por sorte não peguei trânsito e cheguei em casa bem rápido. Tomei um banho e quando sai do meu quarto, contei aos meus pais e Bruna tudo que tinha acontecido.
- Tadinha dela...Diz a ela que amanhã passo lá pra lhe ver, Luan.
- Pode deixar, Bru! - Me despedi deles e voltei para o hospital.
Lorenzo saia do quarto de Nathália e me mandou entrar.
- Oi! - Ela sorriu e eu me aproximei de sua cama.
- Tá tudo bem com você?
- To bem sim...Obrigada! 
- Já te contaram?
- Minha mãe. Você sempre me salvando.
- Não... - Ri. - Eu sinto muito!
- Eu também sinto... - Ela suspirou. - Eu me sinto um pouco culpada por ter perdido o bebê.
- Por quê? Não diz isso!
- Eu não queria ser mãe, sabe? Eu meio que rejeitava ele. Acho que Deus me deu esse castigo.
- Não...Eu acho que ele te deu outra chance pra ser mãe quando realmente tiver estabilizada e casada.- Ela me olhou e sorriu de lado. - Pra você! - Tirei minha mão que estava escondida nas costas e ela sorriu.
- Dez flores! - Ela riu. - Pensei que não chegaria!
- Não queria te entregar nesse estado, mas...Quando eu fui te entregar, eu te vi lá e enfim!
- Você foi lá só pra isso, é?
- Eu sempre vou lá só pra isso! - Ela sorriu tímida e desviou seu olhar do meu.
- Tô me sentindo vazia por dentro. - Ela fez careta.
- Não faço ideia de como está se sentindo, mas tô aqui pro quê precisar.
- Obrigada por tudo?
- Eu te amo! - Beijei sua testa e ela fechou os olhos. - Eu já vou, mas amanhã eu volto.
- Volta mesmo?
- Claro que sim! Só viajo no final da semana.
- Acho que vou pra casa amanhã de noite.
- Vou te visitar em casa também. - Sorri para ela e me despedi.

Capítulo 68




- Você viu o que deixaram pra você? - Minha mãe disse, assim que eu fui procurar alguma coisa pra comer.
- Vi! - Suspirei e bebi um pouco de suco.
- Era o que? - Ela sorriu.
- Um sapatinho e pela sua cara, já sabe até quem foi que deu.
- Eu sei porque foi ele mesmo que trouxe e me entregou. Você tem certeza do que quer pra sua vida? - Ela se sentou do meu lado.
- Fui obrigada a ter assim que engravidei, mãe.
- Para, filha! Você sabe que não é mais assim hoje em dia...
- E sei também o quanto meu filho vai sofrer se tiver pais separados. Eu não quero que ele sofra! Agora chega disso! A culpa foi minha mesmo, eu engravidei, agora eu pago com as consequências. - Me calei e minha mãe também não disse mais nada. Não adiantaria mesmo.
Naquele dia eu realmente dormi a tarde inteira e só acordei no final da tarde, para comer, como sempre. A minha médica me dizia que eu já tinha engordado mais que o normal, mas eu nem ligava.
- O que é isso? - Falei com a boca cheia. 
Assim que cheguei na sala e vi uma rosa em cima do sofá com um pequeno papel preso nela.
- É seu! - Minha mãe falou como não quer nada. Ela e meu pai assistiam TV.
Peguei aquela flor e me sentei no sofá para ler o que estava escrito, mas não era muita coisa.
Eu Te Amo!
Eu já reconhecia aquela caligrafia mal feita. Não falei nada e me levantei. 
Pensei até em jogar fora, mas não tive coragem, claro que não. 
Cheirei ela que tinha o cheiro do seu perfume que eu mais gostava e lhe coloquei dentro do meu guarda roupas.
- Não faz isso comigo, Luan! - Choraminguei, assim que me deitei na cama e liguei a televisão, voltando a tomar meu sorvete. Eu até tentava pensar que nada tinha acontecido, mas não tinha como.
Tomei um banho e me arrumei, quando escureceu e fui direto para o meu estúdio. Seria o dia de encontrar Dudu lá, já que estávamos fazendo um projeto juntos.
Com o sucesso do DVD do Luan, que nem tinha sido lançado, mas já era um dos assuntos mais falados, eu fui convidada para tantas coisas que tive até que montar uma agenda e negar várias coisas.
- Olha quem chegou, a gravidinha do ano! - Ri e abracei Dudu.
Eu já tinha lhe contado que estava grávida.
- Besta! Todo mundo já chegou? 
- Ainda não! 
- Povo atrasado! - Brinquei.
- Falou a pontual. Chegou cedo hoje por um milagre. - Revirei os olhos. 
- Agora é sério! Tá de quantos meses? Quatro?
- Vai a merda, Eduardo!
- O que eu disse demais? - Ele me olhou sem entender.
- Eu tô de dois meses, tá? Só dois!
- Ah... - Ele ficou sem jeito.
- Relaxa! - Ri. - Engordei pra caramba mesmo. A minha médica mandou eu fechar a boca, mas quem disse que consigo? Eu só sei comer e dormir! - Fiz bico e ele gargalhou.
- Mas é sério...Eu pensei que estava de quatro meses mesmo. 
- Minha mãe vive brigando comigo... - Dei de ombros.
- Chegou pra você, Nathália! - A moça que trabalhava comigo chegou com duas flores na mão.
Como as da minha casa e com o mesmo papelzinho.
- Deixa eu ver! - Peguei de sua mão e lhe agradeci, antes dela sair.
- Eu te amo! - Dudu leu em voz alta. - Seu namorado tá apaixonado mesmo! - Ele riu e eu lhe acompanhei, sem jeito. Mal sabia ele quem era.
- Pois é...Deixa eu guardar isso aqui. - Fui até a minha bolsa. 
Queria saber até aonde Luan iria com aquilo. 

Capítulo 67




O tempo passou voando e quando me dei conta, já estava no segundo mês de gestação.
Nesse tempo, eu resolvi não tocar mais no nome do Luan, muito menos querer saber sobre ele. Acho que me distanciei mais dele do que nunca. Eu tava sofrendo, mas achando que era o melhor a se fazer.
Leonardo tinha me pedido em namoro no dia anterior e eu não tive outra escolha, a não ser aceitar.

Flash Back : 

- Nossa, que restaurante mais lindo! - Disse assim que sai de seu carro.
Ele tinha me convidado para jantar, como de costume e eu aceitei sem fazer ideia de nada. 
Mas dessa vez, ele tinha me levado para um restaurante diferente do que costumávamos a ir.
- Gostou mesmo?
- Eu amei! - Sorri e ele pegou na minha mão, assim que saímos do carro.
Achei um pouco desconfortável, mas não tirei para não chateá-lo.
O restaurante era lindo, tinha até pouca gente, com música ao vivo.
Pedimos nosso jantar e quando eu fui comer minha sobremesa, me engasguei.
- Nathália! - Ele se sentou na cadeira ao meu lado e batia de leve nas minhas costas.
Eu tentava não tossir muito alto, mas realmente eu tinha me engasgado feio.
Consegui cuspir algo duro que tinha no meio do meu sorvete de chocolate. - Meu Deus, que susto! Você tá vermelha! - Ele falava aliviado.
- O que foi isso? - Peguei o negócio que eu tinha cuspido e ele brilhava.
- Acho que não foi uma boa ideia... - Ele me olhou sem jeito. - Aceita namorar comigo? - Olhei para Leo e logo depois para o anel que estava na minha mão, por alguns segundos.
- Eu aceito! - Fechei os olhos para falar aquelas palavras e logo senti sua boca na minha bochecha.
Ele limpou o anel e o colocou no meu dedo. Sorri fraco para ele, que voltou a se sentar em seu lugar.
Ele queria me levar para outro lugar depois de jantarmos, mas eu dei a desculpas de que estava muito cansada. 
Dá primeira vez que aceitei fiquei grávida, não queria que mais alguma coisa surpreendente acontecesse. Ri dos meus pensamentos bobos.
Ele me deu um beijo, assim que estacionou em frente a minha casa e eu desci do carro.
Me joguei na cama pensando que eu podia ter dado essa desculpa, da primeira vez que ele me convidou, mas logo suspirei.
- Desculpa essa mamãe que te rejeita, bebê! - Passei a mão pela minha barriga e parei de pensar em certas coisas. De certo modo, eu estava rejeitando sim aquela criança.
Ri, quando lembrei de quase ter morrido sem ar com uma aliança. - Que ideia mais tosca! - Falei sozinha. É, eu não tinha gostado.
- Nathália? Tá falando sozinha, filha? - Minha mãe abriu a porta do meu quarto e eu neguei.- Chegou agora?
- Foi...Vou tomar um banho e vou dormir. Tô com tanto sono! - Bocejei.
- Normal! - Ela riu e me mandou um beijo, antes de se despedir.


- Amor! - Leonardo estalou os dedos na minha frente e eu lhe olhei.
- Já chegou?
- Já sim, vamos? - Ele sorriu.
Era o dia de escutarmos o coração do nosso bebê e como um pai mega babão, ele estava bem mais ansioso que eu.
Entrei em seu carro e continuei em silêncio, fazendo ele estranhar.
- Tava em que mundo quando te chamei, em? 
- Em mundo nenhum! - Lhe olhei sorrindo. - Só estava pensando. Será que é menina ou menino, em? - Mudei de assunto e ele riu.
- Eu acho que é uma menina...
- Será?
- Meu coração de pai não se engana. - Ri, negando.
Confesso que não estava muito animada para a consulta, mas escutar o coração do meu bebê me emocionou demais e eu saí do consultório sorrindo para todos. 
Pela primeira vez eu estava sentindo a sensação de quê realmente seria mãe. 
Eu me desculpava comigo mesmo e com aquele bebê, todas as noites, por não estar tão feliz por ele, que não tinha culpa de nada. 
Leonardo almoçou comigo e Lorenzo, que estava em casa e logo se despediu. Ele tinha tirado 15 dias de férias e iria passar eles com a sua família.
- Jura que vai me ligar por qualquer coisa que acontecer?
- Fica tranquilo, Leo! Vai curtir sua família! - Ele sorriu e selou nossos lábios.
- Queria tanto que fosse!
- Peço desculpas por não ir, mas eu realmente preciso trabalhar. Tenho um monte de coisas pra fazer.
- Eu entendo. Mas eu vou marcar um dia para te apresentar pra eles, em!
- Pode deixar! - Sorri.
Assim que subi para o meu quarto, me joguei na cama. Eu só pensava em duas coisas nos últimos tempos.
Comer e dormir. E como a primeira parte já tinha sido cumprida, fui tirar meu sono de pós almoço.
Eu estava trabalhando no estúdio só de noite e de madrugada. Por incrível que pareça eu preferia dormir de dia e ficar acordada a noite.
Senti alguma coisa atrás das minhas costas e me sentei na cama. Era uma caixinha pequena e uma carta ao lado dela. Primeiro fui conferir a carta.

" Sei que deve estar me esquecendo de verdade. Eu sei que você não quer mais nem tocar no meu nome, sei também que é melhor deixar você seguir sua vida com seu filho e o pai dele, porém, é bem mais forte que eu. Meu coração não obedece minha cabeça e não deixa de te amar nunca.
Eu não vou te ligar, nem ficar em cima de você, eu só quero que todos os dias você se lembre que eu te amo de verdade e acho que nunca vou consegui deixar esse amor de lado.
Hoje eu soube que você iria ouvir o coração do seu filho e fiquei tão feliz. Apesar de tudo é um pedaço seu e eu sei que será tão bonito e com um coração enorme, quanto a mãe dele. 
Estava andando pelo shopping do Rio, quando vi em uma vitrine de uma loja de bebês esse sapatinho lindo e resolvi comprar pra ele, ou pra ela. Eu espero que você goste e use! Eu te amo, meu amor!"

Terminei de ler aquela carta debulhada em lágrimas. Era demais pro meu coração. 
Naquele momento eu passei a acreditar de verdade que ele se importava comigo e demonstrou isso com o meu bebê também. 
Ele sem dúvidas era perfeito, mas não pra mim.

Capítulo 66


         ....

Estava esperando Nathália, sentado no banco do parque do meu condomínio, apreciando o lago a minha frente, quando senti uma mão em meu ombro e sorri, mas parei, assim que me virei e vi ser Laisa.
- O que você tá fazendo aqui? - Me levantei assustado.
- Eu queria conversar com você.
- Não temos nada pra conversar. Vai embora! 
- Não, eu quero conversar com você, Luan. Me escuta, por favor!
- Eu tenho nojo da sua voz, Laisa!
- Por favor... - Respirei fundo e voltei a me sentar. Ela se sentou do meu lado.
- Fala logo que eu tô esperando uma pessoa e não quero que ela te veja aqui. - Ela abaixou a cabeça, mas logo voltou a me olhar.
- Eu queria muito te pedi perdão por tudo que eu te fiz. Pela humilhação que te fiz passar, você não merecia nada disso.
- Agora que caiu a ficha? O que te fez vim aqui atrás de mim, em? Já disse que não tem direito a nada...
- Eu não quero nada seu! Caiu a ficha a algum tempo quando eu percebi a falta que você me faz. Eu mesma me enganava que não gostava de você, acho que eu não queria me entregar, por isso te traia.
- Porque nosso casamento foi um golpe seu.
- Foi! - Ela encarou o chão, enquanto chorava. - E eu quero te pedir perdão do fundo do meu coração. Eu mudei de verdade! E você, era a última pessoa do mundo que merecia isso. Você é a pessoa mais maravilhosa que eu conheci.
- Não parece...
- Eu sei que não! Me perdoa, Luan? Eu juro que é de verdade. Se eu pudesse voltar no tempo, eu voltaria e faria tudo diferente. Ainda seríamos casados e eu faria de tudo pra te fazer feliz.
- Agora não tem mais volta e eu até agradeço por ter me livrado de uma cobra feito você.
- Me perdoa! - Lhe encarei e ela ainda chorava. - Eu faço o que você quiser como prova de quê realmente tô arrependida.
- Tudo bem...Eu te perdoo! - Ela sorriu de lado e limpou suas lágrimas. - Por quê veio aqui me pedir isso só agora, em? 
- Eu já te disse. Você me faz muita falta, pode acreditar. Eu sinto falta dos seus carinhos e de como me tratava, como nunca ninguém me tratou e eu vou pra Europa.
- Vai? - Ela assentiu.
- Quero começar uma vida nova lá, ter uma família de verdade, quem sabe eu volto um dia. Eu só queria ir com o seu perdão, pra poder recomeçar de verdade.
- Você já tem o meu perdão, agora te desejo boa sorte.
- Você tem o coração enorme! - Sorri fechado para ela, mas me virei assustado, assim que ouvi a voz de Nathália.
- Laisa?
- Nathália...
- O quê você tá fazendo com ela, Luan?
- Não é nada disso, olha...
- Depois de tudo que ela te fez!
- Eu só vim pedi perdão, Nathália. Eu tô indo embora, só queria recomeçar minha vida mais leve, sem peso na consciência do que eu já fiz com o Luan. Ele é uma pessoa incrível. Não perde ele como eu fiz. Você nunca vai encontrar alguém igual! - Ela nos olhou pela última vez e saiu dali.
- Você acha que ela se arrependeu de verdade? - Nathália me perguntou.
- Eu acho que sim, você não?
- Eu também acho! Parece que ela gostava ou gosta de você.
- É, mas eu não amo mais ela. Amo só uma na minha vida e vim aqui pra saber a resposta dela se quer ou não ficar comigo. - Nathália sorriu de lado e encarou suas mãos.
- Eu não posso...
- O quê? É por causa da Laisa? Eu juro pra você que ela só veio me pedir perdão mesmo. Eu não amo mais ela. Eu juro!
- Não é por isso, Luan. Eu pensei desde ontem e acho que é o melhor a se fazer. Eu tô grávida de outro homem. Ele tá tão feliz com isso, me ama, eu não posso lhe abandonar assim.
- E eu? Você pode me deixar assim? - Coloquei as mãos no rosto na tentativa em vão de não chorar.
- Logo você arruma outra pessoa, Luan...
- Eu tô sofrendo de verdade, caramba! Acredita em mim! Eu te amo, tá bom? Você me disse uma vez que eu não te amava como a amei a Laisa e eu concordo, sabe por quê? - Ela abaixou seu olhar e negou. - Porque eu te amo mais que amei ela. Mil vezes mais. Se por ela eu fazia tudo, por você eu dou a minha vida.
Fica comigo, Nathália. Eu prometo nunca mais te decepcionar! - Segurei seu rosto entre minhas mãos e ela suspirou.
- Desculpa! - Falou em um fio de voz. - Eu não posso, pelo Leo, pelo meu filho... - Ficamos em silêncio por alguns minutos, até eu lhe puxar para um beijo e logo depois, ela sair correndo dali, me deixando parado, sem saber o que fazer. 

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Capítulo 65




- Você tem noção do que acabou de me dizer, Luan? 
- Claro que eu tenho...
- Você que terminou comigo, que me fez sofrer e... - Parei de falar quando ele apoiou suas mãos na parede e abaixou a cabeça. Percebi que chorava.
- Eu sei disso tudo, eu me torturo com isso todos os dias e por isso tô te pedindo perdão. - Ele voltou a me olhar.
- Luan...
- Por favor, me perdoa! Volta pra mim! - Ele se ajoelhou e eu o encarei.
- Não faz isso, você sabe que ainda gosto de você e o seu sentimento por mim, ainda é duvidoso.
- Não é! Eu te amo muito! Acredita em mim!
- Levanta daí, vai...
- Só quando me der uma resposta.
- Eu te perdoo, agora levanta. Anda! - Ele suspirou e se levantou.
- Eu te amo!
- Eu também te amo, Luan, mas... - Fui interrompida por ele com um beijo.
Nunca na vida podia imaginar que um beijo me daria tanto prazer e felicidade, como aquele. Eu precisava tanto dele comigo, do meu lado, na minha vida. 
Nos afastamos, assim que ele terminou o beijo com mordidas nos meus lábios.
- Me perdoa! - Ele sussurrou.
- Eu já te perdoei. É sério! - Olhei em seus olhos e ele sorriu de lado. - Mas, a gente não podia ter feito isso.
- Eu não resisti e Bruna me disse que você não está em um relacionamento sério.
- Por enquanto... - Sussurrei e ele suspirou.
- Você não me ama, Nathi? 
- É claro que sim!
- Então...Fica comigo. Olha, amanhã eu te encontro no parque aqui do condomínio e você me dá a resposta.
- O quê?
- Amanhã, uma hora da tarde. - Ele beijou meu rosto e passou por mim, não deixando eu falar nada.
Cheguei em casa naquele dia atordoada. Meus pais toda hora me questionavam o por quê do meu silêncio do resto da festa até a nossa casa. Lorenzo me olhava com um olhar desconfiado, mas eu não disse nada a ninguém e subi correndo para o meu quarto. Precisava tomar um banho relaxante, minha vida estava de cabeça para baixo, em seu momento mais crítico e eu ainda tinha uma criança no ventre. A ficha ainda não tinha caído direito.
Leonardo me ligou, assim que eu me deitei na cama e eu pensei por diversas vezes antes de atender, mas resolvi falar com ele.
- Oi...
- Tudo bem, amor? - Ele disse e eu suspirei.
- Tudo bem e com você?
- Tô ótimo! Falei com meus pais ontem, que adoraram a notícia, estavam doidos para serem avós. - Ele riu e eu ri fraco.
- Que bom!
- Falar nisso, está tudo bem com o nosso bebê? Quando vai começar o pré-natal? Não pode demorar, em, você já está de um mês. Toma cuidado também, vai ter que mudar um pouco seus hábitos.
- Ei, calma! Está tudo bem com o bebê e minha mãe já marcou minha consulta. 
- (risos) Desculpa, mas é que eu tô muito ansioso. 
- Que bom que está feliz. - Falei pensativa.
- Você não parece tanto.
- Eu estou, só estou assustada também. Não foi nada planejado, me pegou completamente de surpresa. 
- A ficha não caiu ainda, de quê vai ser mãe?
- Não.
- Te entendo, você precisa desse tempo, até porque o bebê está dentro de você e você que vai dar a luz. Mas você já falou com seu pai?
- Já sim...Ele reagiu bem, acredita? Disse que me apoia! - Sorri.
- Que bom! Ele te perguntou de mim?
- Não...Fica tranquilo, ele não está preocupado com isso.
- Ah...Você não quer casar, né?
- Quer a verdade? Não! Eu ainda não tô preparada pra esse passo na minha vida, entende?
- Entendo sim!
- Que bom! - Conversamos mais alguns minutos, aliás, eu escutava o que ele falava com a maior empolgação, com a cabeça longe. Acabei dormindo no meio da "conversa" e acordei só no outro dia com o celular na minha mão ainda.
Almocei bem lentamente, assim que me lembrei que encontraria Luan em poucas horas.
Cheguei em seu condomínio um pouco atrasada e assim que desci do carro, avistei Luan conversando com outra pessoa. 
Me aproximei deles com passos lentos e assim que chamaria pelo nome de Luan, que estava de costas para mim, tirei o meu óculos, não acreditando no que estava vendo.
- Laisa?

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Capítulo 64




- Pai, eu tenho uma coisa muito importante pra falar pro senhor.
- O que foi, filha? Você tá doente? - Suspirei.
Eu tinha acabado de chegar em casa. Minha mãe tinha ficado no hospital e meu irmão, resolveu ir até a casa da Bruna pra eu ter uma conversa com meu pai sozinha.
- Pai, eu tô grávida. - Meu pai se sentou no sofá e eu me sentei ao seu lado.
- Você tá o que?
- Me desculpa! - Comecei a chorar, já esperando sua reação.
- Não acredito nisso, filha!
- Eu também não tô acreditando até agora...Ai, pai!
- Sabe o que eu queria? - Neguei. - Queria brigar muito com você por isso, mas eu percebi que já perdi meu tempo demais brigando com você e agora, só quero te apoiar nas suas decisões, porque eu te amo muito e vi que você cresceu, já é uma mulher, linda por sinal e sabe fazer suas escolhas.
- Ah, pai! Tá falando sério? - Ele me puxou para um abraço. 
- Eu tô aqui pra te ajudar no quê precisar, minha filha. Não quero mais brigar com você por essas coisas, você é meu bem mais precioso e sabe o que faz da vida.
- Eu não queria esse filho...
- Ei, não fala isso! Agora você já tá com ele na barriga e não tem mais o que fazer.
- Eu sei disso... - Suspirei, limpando minhas lágrimas.
- Você não queria esse filho ou não queria o pai que ele tem? - Ele fez aquela pergunta que nem eu mesma soube responder, então me calei e fiquei ali, recebendo carinhos do meu pai, que tinha saído cedo do trabalho porque lhe pedi e resolveu ficar aquele resto de dia comigo.
Eu não estava esperando aquela reação dele, mas confesso que estava gostando.
Lorenzo chegou de noite falando que no outro dia teria um churrasco na casa de Bruna e que seus pais faziam questão da nossa presença. Meus pais aceitaram na hora e eu não queria ir de jeito nenhum.
- Vamos, filha, você vai se distrair e vai ser bom. - Meu pai disse e eu não tive como negar, já que todos insistiam.
Eles sabiam que eu não iria me distrair coisa nenhuma e só ficar mais tensa com a presença do Luan no mesmo ambiente que eu. Mas eu teria que me acostumar, já que tínhamos um sobrinho em comum e aquele tipo de encontro entre a gente, aconteceria quase sempre. Eu só não sabia se estava preparada para lhe encarar de novo.
Eu acordei com a minha mãe me chamando e mesmo morrendo de sono, tive que me levantar e tomar um banho. 
- Que cara de preguiça, irmã! - Lorenzo riu e eu fiz careta.
- Tô morrendo de sono.
- Já são onze horas, filha. Mas isso é normal, agora você vai viver dormindo. - Minha mãe riu. 
- Logo eu que trabalho bastante de madrugada.
- Mas isso passa...Vamos?
- Calma! Vou tomar café...
- Já vamos almoçar assim que chegarmos lá, Nathália.
- Mas eu tô morrendo de fome, Lorenzo. Me deixa!
- A fome também vai aumentar e o humor diminuir. Vai se acostumando, filho! - Minha mãe brincou mais uma vez e eu revirei os olhos, enquanto meu irmão fazia careta.
Chegamos na casa do Luan e tinha bastante gente, me assustando.
- Almoço em família...Sei! - Falei no ouvido do meu irmão, que riu.
- Eles chamaramm mais gente! - Ele deu de ombros.
Cumprimentei meus ex sogros, minha cunhada e todos que estavam ali. Luan chegou um pouco depois e pela sua cara, estava dormindo. Seu perfume exalava mesmo de longe e para que eu não fosse obrigada a cumprimentá-lo, inventei que estava com cede e fui para cozinha atrás de água.
- Parabéns! - Estava de costas para a porta da cozinha que dava para piscina, quando escutei sua voz e quase me engasguei.
- Pelo o quê? - Me virei para olhá-lo.
Ele estava encostado na porta, com os braços cruzados e a cara mais sexy do mundo. Como eu lhe amava.
- Pela sua gravidez. Fiquei sabendo que está gravida.
- Ah... - Ele me pegou de surpresa, eu não esperava que Bruna já tinha lhe contado. - O...obrigada.
- Já sabe o sexo?
- Eu tô de um mês ainda.
- Entendi. - Ele sorriu de lado e saiu dali. Suspirei.
Eu não tinha conseguido decifrar sua expressão, se ele tinha ficado triste ou não com a notícia. Se ele tinha se importado. Era completamente diferente de mim, que sempre demonstrei tudo que sentia.
O resto do churrasco nós ficamos bem longe um do outro. Ás vezes eu lhe olhava por curiosidade e lhe pegava me olhando também, me deixando completamente sem jeito. Mas não passou disso e achei bem melhor, mas um pouco antes de irmos embora, eu fui ao banheiro e quando sai dele, dei de cara com Luan, que parecia me esperar, completamente nervoso.
- Luan...Que usar o banheiro? 
- Você sabe que não. Eu quero falar com você.
- A gente não tem nada pra conversar... - Ia saindo, mas ele segurou meu braço de leve.
- Por favor, Nathália. - Sussurrou.
- Tudo bem, Luan. Pode falar o que você quer.
- Eu quero...Quero te dizer que eu não fiquei nenhum pouco contente com a sua gravidez, que eu não queria que estivesse grávida, muito menos daquele idiota, que eu te amo e quero você de volta pra mim! - Arregalei os olhos, completamente surpresa. Eu imaginava tudo vindo dele, menos aquilo. 

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Capítulo 63





Já tinha passado um mês e meio, que Lorena tinha ido pro Japão, que Leo tinha brigado com Luan, que eu tinha visto o Luan pela última vez e que eu tive minha primeira vez com o Leo. 
Já tinha se passado tanta coisa, na minha vida que até eu estava confusa.
- Chegou cedo por quê, irmã? - Lorenzo perguntou, assim que cheguei em casa.
- Tô passando mal! - Me joguei no sofá ao seu lado.
- Tá com o quê? Você tá branca demais! - Fechei os olhos e senti sua mão em meu rosto, logo depois abrindo meus olhos. - Tá com olho amarelo. Tá sentido o que, Nathália?
- Uma vontade doida de vomitar e desmaiar. 
- Nathália! - Foi a última coisa que eu ouvi, antes de apagar.
Acordei com a voz do meu irmão, porém, tinha mais duas me chamando. Logo reconheci. Meus pais.
- Filha! - Minha mãe me deu algo forte pra cheirar e só então, consegui abrir os olhos.
- Oi, mãe...Eu já to melhor.
- Tá melhor nada! Tava toda apagada aqui.
- Eu desmaiei.
- Nathália, você não está com aquilo de novo não, né...
- Não, pai! Eu juro! Eu tava ótima até ontem. Não sei o que houve.
- Ainda está sentindo alguma coisa?
- To...Com enjôo, mas a tontura já passou. - Vi meu irmão e minha mãe se olharem, mas não disseram nada.
- Vamos pro hospital. - Meu irmão disse.
- Não precisa! - Protestei, em vão.
- Claro que precisa! - Dessa vez, foi meu pai que disse e eu suspirei. 
- Eu tenho plantão agora e vou com vocês. Pode voltar pro escritório, Murilo.
- O que? Não! Eu vou junto!
- Não é nada demais, confia em mim. Pode ir! - Minha mãe insistiu e enfim, ele aceitou.
Não estava entendo do por quê ela não queria que meu pai fosse comigo, mas não disse nada.
- Eu vou junto! - Só então escutei a voz de Bruna ali.
- Nem te vi, Bruna. - Ri e ela me acompanhou. - Não precisa...
- Claro que precisa! - Fomos para o hospital e eles nem me levaram para outro médico, minha mãe mesmo pediu para que me fizessem alguns exames, mas não me falava nada.
- Você acha que sua mãe ou Lorenzo desconfiam de algo? - Bruna me perguntou.
Ela estava sentada na poltrona ao lado da minha cama, enquanto esperávamos a enfermeira e Lorenzo tinha saído atrás da minha mãe.
- Você viu a cara deles? Eu tenho certeza! - A pedido da minha mãe, os meus exames ficaram prontos em menos de uma hora e ela foi me entregá-los, mas pelo que já tinha visto, ela já tinha aberto.
- Como eu imaginava! - Me entregou o envelope.
- O que eu tenho, mãe?
- Leia você mesma. - Comecei a ler atenta cada palavra e paralisei em uma.
- Grávida? - Sussurrei e olhei para minha mãe, que assentia. - Eu não acredito! - Fechei os olhos com força.
- Pois acredite, irmã...Eu te daria uma lição de moral agora, se eu também já não tivesse encaminhado um filho antes da hora. - Ele gargalhou e Bruna lhe acompanhou sem jeito.
- E eu vou ser avó mais uma vez. Não acham que sou nova demais pra isso? - Minha mãe perguntou em tom de brincadeira e eu acabei rindo.
- Não sei o que fazer...Não sei se choro ou rio.
- Agora é melhor só ri mesmo. - Minha mãe disse.
- Esse filho é do...
- Do Leo, Lorenzo. Claro! Por isso não queria que papai viesse, mãe.
- É...Apesar de tudo, eu temo a reação dele.
- Nem me fale! Ele quase matou Lorenzo, que eu pensei que não faria nada, comigo então, ele vai me colocar fogo viva.
- Não exagera, mana!
- Quer que eu chame o Leo?
- É, né...Eu vou falar com ele de uma vez. - Minha mãe assentiu e todo mundo saiu do quarto.
Eu não estava acreditando no que estava acontecendo. Sempre que minha vida ficava um pouco menos agitada, algo acontecia.
- Me chamou? - Leo entrou sorrindo e selou nossos lábios. - Aliás, oque faz aqui nesse quarto? Não vai me dizer que...
- Não! - Revirei os olhos. - Eu passei mal sim, mas não foi por falta de cuidado, quer dizer, foi, mas não só meu.
- Eu não tô entendo, amor. - É, ele já me chamava daquela forma, mesmo eu não conseguindo retribuir.
- Tudo bem, vou ser clara! A gente esqueceu uma coisa e agora...Eu tô grávida!
- Hã?
- Tô grávida, Leo! - Coloquei as mão na cabeça e ele me olhou sem expressão.
Por um momento pensei que piraria ali.
- Tá falando sério? Você tá esperando um filho meu?
- É o que parece! - Levantei o papel do exame que estava na minha mão e ele sorriu.
- Nossa....Eu! Eu amei a notícia. Eu sempre quis ser pai e de um filho seu então. - Ele correu pra me abraçar.
- Não acha muito cedo? Nem temos um relacionamento sério.
- Você não gostou, né? - Ele se afastou de mim, 
- Não...Não é isso! Eu só tô achando tão cedo.
- Mas agora já era, amor. Olha, eu tô do seu lado pra tudo, pra qualquer coisa! Tudo que você precisar, porque eu te amo! Se seu pai quiser, a gente casa, pronto.
- Casar? - Engoli seco.

                                   ...
- Oi, irmã!
- Já chegou? - Abracei minha irmã que se assustou e eu ri.
- Já, uai. Graças a Deus. Não queria me ver?
- Não é isso...
- Que carinha é essa?
- Não sei se devo te contar isso.
- Por quê? É sobre a Nathália?
- Ela mesma... - Bruna suspirou.
- O que foi, Pi? Pode falar, não temos mais nada.
- Luan, ela tá...Grávida do Leo!
- Grá...vida?

terça-feira, 12 de maio de 2015

Capítulo 62





Meu celular tocou de noite, me acordando. Não era tão tarde, mas naquele dia achei melhor ir me deitar mais cedo, já que meu dia tinha sido um tanto quanto estressante.
- Alô
- Nathália, te acordei?
-  Ah! Oi, Leo! - Suspirei e me sentei na cama, bocejando.
- Sou eu... - Ele sussurrou. - Te acordei? - E voltou a repetir.
-É, acordou...
- Me desculpa. É tão cedo que eu não esperava que estivesse dormindo.
- Resolvi dormir um pouco. Acho que nos meus sonhos tenho um pouco mais de paz. - Joguei uma indireta e ele entendeu. Se calou por alguns segundos, mas voltou a falar.
- Te liguei por isso mesmo...Quero te pedir desculpas por tudo. Eu não podia ter falado daquele jeito com você, me intrometer na sua vida com seu ex...Eu fui um idiota e me arrependo demais. Me desculpa? Eu só fiz isso tudo porque...Gosto de verdade de você. - Dessa vez foi a minha vez de fazer silêncio.
- Eu...Tudo bem. Te desculpo!
- Sério? Nossa, eu fico bem mais aliviado ouvindo isso. Quero te convidar pra jantar comigo como pedido de desculpas.
- Eu já te desculpei...
- Não foi o suficiente. Aceita, vai? Eu to realmente arrependido.
- Se isso vai te fazer feliz. - Ri fraco. - Tudo bem!
- Amanhã, pode ser?
- Pode sim.
- Ás nove horas eu passo ai, pode ser? Eu largo o plantão só as oito.
- Tá ótimo!
- Obrigada de novo por aceitar...
- O que é isso, Leo! - Me despedi dele e voltei a  me deitar na cama.
Tinha perdido o sono, então, fui comer, já que estava sem comer a bastante tempo. Vi um filme qualquer que passava e só então, peguei no sono novamente.
Acordei cedo no outro dia, tomei meu café com meus pais e meu irmão, o que era uma coisa rara quando estávamos todos juntos em casa, ou fazíamos alguma refeição juntos. 
Fui para o estúdio e trabalhei até ás seis horas da tarde. Levei uma bronca da minha mãe, assim que cheguei em casa, por não ter almoçado, mas logo em seguida fez questão de arrumar um enorme prato pra mim.
Me distraí no computador do meu quarto, até a hora de me arrumar para jantar com Leonardo.
- Como sempre, pontual! - Me sentei ao seu lado, no banco do passageiro e ele riu.
- Sempre! - Ele deu partida no carro.
Sorri e me lembrei o quão atrasado Luan era. Até esse seu defeito, que ás vezes me irritava, eu amava nele. Sempre tinha alguma desculpa de que estava fazendo alguma coisa importante.
- Pra onde vamos? - Desviei meus pensamentos e lhe olhei.
- Em um restaurante Árabe, que eu amo. Você gosta de comida Árabe?
- Amo! - Ele sorriu, como resposta.
- Confesso que estava preocupado com isso. 
- Não precisa. - Fomos conversando sobre vários assuntos, até chegarmos no restaurante, que era bem pertinho da minha casa. No bairro mais nobre de São Paulo.
O nosso jantar foi tão agradável. Ele tentava de todo jeito me agradar, fazia questão que eu escolhesse tudo que eu mais gostava. 
Conversávamos animadamente e quando estávamos esperando a sobremesa, me puxou para um beijo.
Foi até um pouco inesperado, mas eu decidir não negar. Pela primeira vez, eu queria levar aquilo adiante.
- Queria te levar pra outro lugar agora. Você aceita? - Ele me olhou receoso.
- Pra onde?
- Tenho certeza que vai gostar...
- Tudo bem, vai! - Sorri e ele seguiu para onde queria.
Fomos para, aparentemente, um hotel fazenda, bem bonito por sinal. Tinha um chafariz logo na entrada, todo iluminado, muita grama, flores. Eu tinha amado.
Fomos direto para um quarto, que eram todos separados da enorme casa.
- Gostou? - Me perguntou, assim que entramos no quarto.
- Amei! Nossa, muito lindo. Como eu não descobri esse lugar tão pertinho de mim? - Ele riu.
- Não sei...Eu aconheço aqui desde que cheguei em Sampa.
- Já trouxe várias aqui então. - Ri.
- Não! Aqui é muito especial pra mim pra trazer qualquer uma.
- Então eu não sou qualquer uma? 
- Claro que não! Ainda tinha dúvidas disso? Eu gosto demais de você, Nathália. - Ele se sentou do meu lado na cama e tirou o cabelo que caia no meu rosto.
Me puxou para um beijo longo e com desejo e eu levei minhas mãos até sua nuca.
Eu queria tanto tentar de vez com outra pessoa, que nem pensei muito e quando me dei conta, eu tinha transado com ele. Não que tenha sido ruim, pelo contrário, ele era um príncipe, mas me bateu um pouquinho de arrependimento.
- Vamos dormir aqui? - Virei meu rosto para lhe olhar, já que estava de costas para ele, enquanto me abraçava pela cintura.
- Se você quiser...O café da manhã daqui é ótimo! - Ele deu uma risadinha e eu lhe acompanhei.
- Então vamos ficar. - Fechei meus olhos e não demorou muito para que eu dormisse.

                      ...

- Não sabe quem eu encontrei ontem, Luan.
- Quem, Rober? - Eu procurava meu boné, para colocar na minha mala, para viajarmos.
Era meu último dia de folga.
- A Nathália...Em um restaurante e estava acompanhada.
- Com certeza com aquele doutorzinho. - Revirei os olhos e meu amigo riu.
- Ele é médico?
- Pelo que eu sei, foi ele que atendeu ela quando foi pro hospital.
- Entendi.
- Que sejam felizes! Eu só quero isso pra ela, que ela seja feliz porque merece. Mas não sei se esse médico, metido a perfeito, é o ideal.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Capítulo 61




Assim que cheguei em frente a casa do Luan, suspirei e enfim toquei a campainha. Bruna me atendeu visivelmente nervosa e eu lhe mandei manter a calma. Subi as escadas e bati na porta do quarto do Luan.
- Nathália? - Ele abriu a porta surpreso e eu entrei.
- Você ta bem? Vim te pedir desculpas.
- Tô sim...Isso não foi nada! Não precisava, não foi você que fez isso.
- Mas foi por minha causa. Me desculpa?
- Te desculpo sim, mas antes, você vai ter que me desculpar por tudo que eu já fiz de mal pra você! - Ele tinha a voz de choro e as lágrimas caíram de seus olhos.
- Você não me fez nada de mal, Luan, pelo contrário. Eu que fui uma trouxa, só isso!
- Não...Eu fui o culpado de tudo! - Ele se sentou na cama encarando o chão e colocou as duas mãos no rosto.
- Não foi, mas já que insisti, te desculpo. - Continuei no mesmo lugar, lhe olhando e depois de alguns segundos em silêncio, enfim ele tirou suas mãos do rosto e me olhou. Seus olhos estavam muito vermelhos.
- Não me olha assim!
- Como eu tô te olhando? 
- Com frieza! Você não é assim! Você é doce, tem um olhar doce.
- Agora, eu tenho um olhar doce com quem eu quero, Luan. Sério, eu aprendi a lição.
- Não era lição nenhuma! - Ele se levantou e se aproximou. - Diz que não me ama mais!
- Eu te amo! - Ele se assustou e se calou. - Mas não é por isso que eu vou ficar correndo atrás de você.
- Não quero que corra. Se eu te pedisse pra tentarmos de novo, o que me diria?
- Eu diria que agora não é o momento! E se existir esse momento, eu não sei se vai dar certo.
- E se eu te disser que também te amo?
- Eu não sei se acreditaria! - Desviei meu olhar do seu e me afastei dele.
- E por quê não? Eu te amo sim!
- Me ama, mas não é o suficiente. Não que eu seja egoísta, Luan e também não quero que você quase morra por mim, assim como um dia, eu quase morri por você, mas eu quero o seu coração inteiro e não só a metade dele. Eu sei que eu só tenho a metade! Você não me ama como amou sua ex mulher, você não me ama como eu mereço. - Ele encarou o chão.
- Isso é verdade, eu não te amo como merece, mas eu vou te amar. Sabe por quê? Porque cada dia que passa eu sinto mais a sua falta. Eu nunca pensei que sentiria tanto!
- Você não sente a minha falta, só tá com o orgulho ferido de achar que eu tô namorando o Leonardo e já te esqueci.
- Eu sei que você não tá namorando ele e sei também que não me esqueceu e não vai tão cedo. Eu realmente sinto a sua falta, Nathália.
- Já que está bem, eu já vou indo. - Andei em direção a porta. 
- Nathália, eu tô arrependido por tudo. Me perdoa! - Não respondi e saí do seu quarto.
Acalmei Bruna, falando que Luan estava bem e só queria descansar e ela me fez lhe contar tudo que tinha acontecido no shopping, e eu sem escolha, tive que falar.
Voltei pra casa aérea. Meu coração achava que eu tinha pegado um pouco pesado com o Luan, mas minha cabeça dizia que ele merecia e que não era pra eu pegar leve com ele tão cedo. E pra falar a verdade, eu ficava confusa na ideia de quem eu iria.
Deitei na minha cama e tentei pensar naquilo tudo, mas era quase impossível, uma grande loucura. Eu o amava e tinha certeza que só seria feliz por completo com Luan, mas também tinha muito medo de sofrer demais, como já havia acontecido.
- Amiga eu... - Lorena entrou de repente no meu quarto e eu me assustei.
- Nossa, que susto!
- (risos) Me desculpa. Estava com a cabeça na Lua? Ou no Luan?
- Não enche! - Revirei os olhos e ela riu.
- Tudo bem...Vim te contar uma novidade.
- Também tenho que te contar o que aconteceu hoje...
- O que?
- Primeiro me conta sua novidade.
- Eu fiz um teste pra uma campanha, como modelo e passei, só que eu vou ter que ir lá pro Japão.
- Modelo? Você?
- Eu mesma! Acho que vou investir.
- Nossa! Essa eu não esperava, apesar de ser linda. Vai conseguir muitos trabalhos. Só não gostei da parte de ficar tão longe de mim.
- Eu também não. Mas juro que te ligo todos os dias! - Ela me abraçou e eu sorri.
- Se você não ligar, eu mesma faço isso. E quanto tempo vai ficar lá?
- Não tem tempo determinado ainda, amiga. - Fiz careta e ela riu.
- Tudo bem! Tudo pra te ver feliz, minha maluca.
- Te amo! Agora me conta o que aconteceu hoje que você tá com essa cara. - Suspirei e voltei a me deitar na cama.
Depois de contar toda história para Lorena, que ouvia tudo atentamente, como se fosse um filme, ás vezes ria, ás vezes fazia cara de espanto.
- Tô confusa!
- Você sempre foi! - Ela debochou de mim. - Eu nem sei o que dizer. Esse relacionamento de vocês é louco.
- Agora que você percebeu isso? - Ela riu. - Eu vou deixar o tempo resolver tudo isso.
- Eu acho melhor também.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Capítulo 60





No outro dia, como tinha combinado com Léo, ele passou ás quatro horas na minha casa e fomos para o cinema de um shopping.
- Não trabalha mais não? - Brinquei e ele riu.
- Ontem foi minha folga e hoje, eu trabalhei só até meio dia.
- Ah...
- E você também não!
- Eu tirei umas férias. Mas semana que vem já volto com trabalho dobrado.
- Entendi...Você pretende voltar pro seu apartamento?
- Pretendo sim! Apesar de estar amando voltar a morar com meus pais, eu prefiro morar sozinha.
- É pertinho?
- É sim...Umas duas ruas acima.
- Assim que é bom! Daria tudo pra minha mãe morar duas ruas de mim.
- Onde ela mora?
- Minha família é toda do Rio Grande do Sul.
- Você também é gaúcho? 
- Sou! Dá pra perceber? 
- Não...Ou eu sou muito desligada. - Rimos. 
- Eu perdi bastante meu sotaque mesmo, afinal, dez anos morando aqui.
- Nossa! Bastante tempo. Você vê pouco sua família?
- Bem pouco...Duas vezes no ano.
- Pouco mesmo. Tem irmãos?
- Dois! 
- Só homens?
- Só...Bem que eu queria uma irmã, mas acho que meus pais só fazem homens. - Rimos.
Assim que chegamos no shopping fomos ver o filme que estava em cartaz e era um romance. 
Leonardo disse que preferia terror, mas assim que eu disse que amava romances, ele disse que era aquele mesmo que assistiríamos. Era sempre muito fofo comigo, mas já tinha alguns dias que não rolava nada entre nós, que eu não tinha vontade de beijá-lo.
Comprei os ingressos, que ele fez questão de pagar e ele foi buscar a pipoca. O shopping era bem grande e andávamos um caminho bom até a sala de cinema. Nesse caminho que ele tentou segurar minha mão, com a dele que estava livre, mas eu recuei.
- Nathália, eu posso ser sincero com você em uma coisa? - Ele parou e eu também.
- O quê? - Perguntei confusa.
- Se você quer mesmo esquecer seu ex, tem que tentar. Você não facilita, poxa. Eu vivo atrás de você e só levo toco.
- Claro que não, Leo! Eu já disse pra você que não quero nada sério, não agora. A gente fica sim...
- De vez em nunca. Parece que só no último caso mesmo que você me procura! - Encarei o chão e suspirei.
Agradeci também por estarmos sozinhos ali. 
- Eu deixei bem claro desde o começo tudo pra você, Leo...
- Eu sei e sei também que aceitei tudo isso, mas você precisa abrir seu coração pra mim. Eu tô começando a perder a paciência. Estamos mais de dois meses nisso.
- Eu sabia que uma hora isso aconteceria e você se cansaria.
- Mas eu não quero que isso aconteça, por isso estou te falando essas coisas. 
- Você tá com raiva de mim, não é?
- Quer saber? Eu não tô com raiva de você, tô com raiva desse teu ex que não sai da sua cabeça pra nada. Entende, Nathália, ele não vale nada, ele é um idiota! - Ele acabou de falar e assim que eu levantei a cabeça para lhe olhar, levei um susto. 
- Você me conhece, pra dizer o que eu sou ou deixo de ser? - Luan estava atrás de Leonardo, que se virou, tão assustado quanto eu, mas não se intimidou.
- Conheço o suficiente pelo que fez com Nathália. Você é um idiota sim!
- Luan! Tá fazendo o que aqui? 
- Aqui é um shopping, Nathália! - Ele me olhou e suspirou. - Desculpa, eu não quis ser grosso!
- Você ser grosso com ela não é nada, comparado a tudo que já fez! - Leonardo falou.
- Você não sabe de nada!
- Eu sei sim! Eu sei também que ela foi pro hospital por sua causa. Mas por uma coisa eu te agradeço, se ela não tivesse ido pro hospital aquela vez, não tínhamos nos conhecidos.
- Azar o dela conhecer um idiota feito você! Juro, eu queria que vocês ficassem juntos, que ela fosse feliz, mas agora eu vejo que você é um idiota. Como pode me julgar assim sem me conhecer? Se quer conquistar ela, conquiste falando de você e não de mim. Eu não admito que fale de mim, eu nem te conheço, cara. - Luan terminou de falar e levou um soco na boca, que o fez cair no chão.
- Para com isso, Leonardo! - Entrei em sua frente, assim que ele deu mais um passo.
Luan se levantou do chão me olhando e eu não sabia o que fazer.
- É isso que você quer pra você, Nathália? Um cara desse tipo, que perde a linha fácil? - Ele limpou o canto da boca que sangrava um pouco.
- Seu otária! Cala a boca! - Leonardo estava tão vermelho, que eu não o reconheci naquele momento. - Vai embora daqui, antes que eu te arrebente! - Luan me olhou e seu olhar pedia para que eu dissesse alguma coisa, mas eu não disse. Eu não sabia o que dizer.
Vi seus olhos se encherem de lágrimas e ele saiu dali. Encarei o chão e comecei a chorar.
- O que foi isso, Leo? - Enfim o olhei.
- Quer saber? Você realmente não me merece, Nathália. Tá chorando por ele, agora?
- Eu tô chorando por tudo que aconteceu aqui. Você não podia ter batido no Luan, você é doido!
- E por quê eu não podia? Você é uma idiota!
- Eu não sou idiota! - Falei alto e ele me olhou espantada. - Eu amo o Luan sim, mas eu mudei. Eu não troco mais a minha vida pela dele, eu não faço mais tudo por ele, mas você não podia ter batido nele por nada. Você agiu errado e ele pode te processar! 
- Que processe...
- Quer saber, Leonardo? Tomara que processe mesmo. O Luan tem razão. Você tem o pavio muito curto, você tá fora de si por coisa boba. Eu vou embora e quando você voltar ao normal, a gente conversa. - Saí dali em passos largos e por sorte, já tinha um táxi parado na entrada do shopping. 
Eu queria chegar em casa logo.
Assim que cheguei em casa, meu celular tocou e eu estranhei ao ver o nome da Bruna na tela.
- Oi, Bruna!
- Nathália? Você está em casa?
- Estou sim, por quê?
- Eu tava sozinha em casa quando o Luan chegou com um machucado na boca, o testa e o Well não sabem o que aconteceu. Ele foi no shopping comprar um presente pro aniversário da minha mãe e voltou assim. 
Ele não quer me contar o que é, eu passei pelo quarto dele e escutei ele dizendo seu nome. Você sabe de alguma coisa? - Suspirei.
- Fica calma! Você não pode ficar nervosa assim!
- Mas o que aconteceu com meu irmão? A boca dele tá inchada, eu tô sozinha com ele, que tá trancado no quarto. Vem pra cá?
- Hã? Eu?
- É você mesma! Por favor, Nathália! Vem aqui?
- Tudo bem! - Suspirei. - Eu só vou porque você tá muito nervosa e não pode ficar assim.