Capítulo 76

- Será, amor?

- Tenho certeza! Me deixa anunciar, vai! - Ele tirou meus cabelos do ombro.

- É, ás vezes anunciar vai nos dar mais sorte, não é?

- É...Eu quero que todo mundo saiba que eu tenho dona!

- Ah, seu bobo! - Ri e lhe puxei para um beijo.

Dessa vez eu não tava com medo de que ele anunciasse, pelo contrário, todo mundo saberia do nosso namoro e seria mais fácil para nós. Não tava a fim de me esconder mais, de não poder postar fotos com ele, aparecer em shows, passearmos juntos.

Nossa comemoração foi até ás três horas da manhã. Luan foi pra minha casa comigo, já que dormiria por lá.

- Queria te agradecer direito pela surpresa, mas ainda não posso! - Fiz careta, assim que me deitei ao seu lado, já de banho tomado e camisola. Luan jogava algo no celular, de cueca.

- Eu sei, amor! Não tem que agradecer nada. Eu tô louco de saudade de você, mas logo a gente vai matar ela! - Ele riu e eu me deitei ao seu lado.

Fomos dormir abraçadinhos e acordamos só no final da tarde. Almoçamos e ainda tive outra surpresa, quando minha mãe chegou com uma tortinha, depois do almoço.

Comemos e minha mãe foi passear no shopping com uma amiga, meu irmão e Bruna também saíram e meu pai foi estudar um caso no seu computador em seu quarto.

- Tenho um presente pra você! Não te entreguei ontem, mas tá na minha mochila.
- O que é?
- Tem que ir lá pegar...
- Vai lá logo, amor! - Luan riu e subiu as escadas correndo.
- Esse daqui só porque você ama e não podia deixar de te dar, sabe! - Ele revirou os olhos e se sentou do meu lado rindo.
- O que é? - Abri a caixa e me deparei com um sapato lindo.
Um rosa bem forte, o salto era fino e bem alto e a sola vermelha. Maravilhoso.
- E aí?
- Eu amei, né! - Ri e o puxei para um beijo.
- Eu sabia! Bruna que me ajudou a escolher.
- Diz a ela que eu amei e amei também o presente dela e do seus pais. Não precisava!
- Sabe que eles te amam. Impossível não te amar! - Ri dele. - Agora toma o outro.
- Outro? - Perguntei confusa e ele riu, me dando um envelope branco. - O que é?
- Abre, curiosa! - Ele me abraçou pela cintura e eu abri o envelope.
- Mentira! Uma viagem, amor?
- Acho que merecemos, não é?
- Nem acredito! Quero muito viajar com você! Obrigada!
- E eu! Tô louco pra passar uns dias sozinho com você. Já viu pra onde é?
- Austrália! Que sonho! - Li nas passagens.
- Sabia que gostaria. Reservei um hotel em uma das melhores praias de lá. É lindo, pelas fotos da internet.
- Qualquer lugar com você fica lindo!
- Assim você me deixa mal acostumado! - Ele falou no meu ouvido, beijando minha orelha em seguida e eu ri, me encolhendo.
- Não fica muito não, gatinho!
- Ah, eu fico sim, gatinha! - Ele começou a me fazer cócegas e só parou, quando me viu vermelha de tanto ri, com lágrimas nos olhos.
Passei o dia do meu aniversário daquele jeito. Como era bom tá com ele por perto, me fazendo carinho, falando besteiras, fazendo graça. Não tinha melhor presente que esse.
Nossa viagem estava marcada para dali a trinta dias, já que Luan precisava deixar tudo resolvido antes de irmos e eu também, já que voltaria a trabalhar no outro dia.
Uma semana longe da cidade, do estado, do Brasil. Só eu e ele, sem ninguém conhecido por perto, era tudo que precisávamos naquele momento.
Na segunda feira eu voltei com meu trabalho e minha secretária dizia que eu estava cheia de trabalhos, o que me animou bastante.
- Hoje um cantor novato vem aqui. Ele quer conversar com você.
- Tudo bem. Quando ele chegar é só mandar ele entrar.
- Tá bom! Ele nunca nem gravou uma música em estúdio.
- Sério? Nossa! Nunca trabalhei com uma pessoa tão novata. Adoro experiências novas. - Ri.
O moço não demorou muito pra chegar. Fabrício. Bem simpático, um pouco tímido e parecia bem animado com a carreira.
- Então te descobriram na internet?
- É...Eu gravo vídeo cantando e posto no facebook. Coisa boba, sabe? Mas todo mundo amou! Eu nunca imaginava virar cantor. Agora eu já tenho um empresário, que me procurou e queria muito me empresariar, agora estamos querendo lançar um CD. Na verdade, eu tenho que ter um pra minha carreira se iniciar de vez.
- Com certeza! - Concordei. - Acho que você vai longe, Fabrício! - Ri.
Ele era bem alto, bem forte, dos cabelos negros e olhos azuis. Isso com certeza estava contando bastante pro seu sucesso na internet. Mas não  podia negar seu talento. Mesmo cantando só a capela de uma música ali pra mim, que por ironia era do Luan, eu percebi que sua voz era bem bonita e ele não era só um rostinho bonito.
- Adoro o Luan! Minha inspiração! - Ele disse e eu ri.
- Gosta, é?
- Sei que você ajudou no DVD dele, um dos motivos pra eu te escolher como produtora.
- Eu imaginei! - Fechamos um contrato ali e marcamos outras reuniões.
Ainda tinha muito trabalho pela frente. Ele não tinha um repertório, nenhuma música.
Ele já estava de saída, se despedindo de mim, quando a porta se abriu.
- Amor...Desculpa, entrar assim! - Luan falou.
- Não tem problema. Eu já tô indo embora mesmo.
- Luan, eu sou seu fã, cara. Nossa! Nunca imaginei te encontrar assim um dia, ainda mais aqui.
- Valeu cara! - Luan sorriu de lado e apertou a mão dele.
- Posso tirar uma foto?
- Claro!
- Vocês ainda trabalham juntos. Eu não sabia... - Fabrício disse, assim que tiraram a foto.
- Hã... - Comecei, mas Luan me interrompeu.
- Na verdade, a gente namora.
- Sério? Nunca imaginei! Então...Felicidades pra vocês! - Apenas sorri e ele se despediu de nós.
- Luan! Ele pode espalhar isso! - Luan deu de ombros.
- Vamos?
- Veio me buscar?
- Meu pai ia vim aqui perto e eu pedi uma carona, imaginando que estaria de carro.
- Tô...Vamos pra sua casa ou pra minha?
- Tanto faz! - Ele deu de ombros e virou de costas pra mim, mexendo em um violão.
- O quê foi, Luan?
- Não foi nada! Por quê? - Ele me olhou de lado.
- Você tá estranho.
- Não tô estranho. - Ele bufou.
- Por quê você tá com essa cara? O que eu te fiz?
- Não fez nada, Nathália!
- Então para e fala direito comigo! - Falei mais séria e cruzei os braços, fazendo ele se virar de frente para mim de novo. - Fala agora!
- Nathália!
- Agora, Luan!
- Você é chata, em...Já disse que não foi nada!
- É? Então me explica essa sua cara de bunda.
- Tô com a minha cara de sempre. - Disfarçou olhando em volta. - Seu estúdio mudou. O povo que frequenta aqui também. Tá trabalhando mais, né?
- Tô sim! Desde o seu DVD.
- Que bom! E esse cara? Nunca ouvi falar!
- Ele é muito novo  no meio, nunca nem gravou nenhuma música.
- Hum...E vocês estavam aqui desde que horas?
- Ele chegou não faz muito tempo. Meia hora, sei lá.
- Por quê só tava vocês dois aqui, sozinhos?
- Espera... - Me aproximei dele, que me olhou sem entender. - Você tá com ciúmes, Luan? É isso mesmo?- Gargalhei, enquanto ele me olhava com a cara fechada.